segunda-feira, 27 de junho de 2011

Viagem

Eu pensava nele, eu pensava nele há todo instante. Seus olhos verdes escuros apareciam para mim toda vez que eu fechava os meus olhos. Eu não sabia mais o que fazer, minha pele sentia falta do seu toque, e meus olhos dos seus, e meus ouvidos de sua voz levemente roca. O que eu poderia fazer? Nada, simplesmente nada.

– Você está bem, querida? – perguntou Nona, enquanto eu me sentava no chão, ao lado de sua cadeira de balanço. – O que aconteceu minha flor? É aquele rapaz? O... Damen? – assenti, olhando para o céu alaranjado.
Nona suspirou, olhando para um casal de passarinhos que pousara no chão há poucos metros de nós.
– Sabe minha flor... Não é sempre que nos encontramos com-
– Nona, por favor, não-
– Não vou dizer que ele é o seu amor verdadeiro como sua mãe, até porque vocês mal se conhecem... Mas olhe querida, rapazes como ele não se encontram muitas vezes na vida, e se ele é ou não seu amor verdadeiro, só quem pode dizer é você mesma, ninguém mais meu amor.
– Mas Nona... Não é esse o problema...
– Qual é então? – a olhei com os olhos marejados, prontos a derramar um oceano de lágrimas. – Ah, não... Não me diga que... Ele é comprometido? – assenti, deixando uma pequena lágrima escapar. – Ah meu Deus, venha aqui minha querida.
Nona levantou-se e se sentou ao meu lado, batendo sobre as pernas, um sinal para que deitasse em seu colo e chorasse o quanto quisesse. Minha Nona era sempre meu refúgio quando minha mãe não me entendia, desde pequena nós fazemos isso, e assim ficamos por horas.
– O que eu faço, Nona?
– Não há o que fazer minha querida... Nessas ocasiões, apenas o tempo pode curar teu partido coração, e mais além, muito amor. Especialmente de tua Noninha. – beijou-me a testa, acariciando meus cabelos.
– Não quero esperar o tempo passar. Minha vontade é de fugir e não vê-lo nunca mais.
– Óh minha querida, não vê-lo nunca mais eu não posso garantir, mas se você quiser, posso ajudá-la a convencer tua mama de deixá-la passar uns tempos na capital. – olhei em seus olhos, esperançosa. – Se isso deixá-la mais feliz, por que não? Afinal, é só por um tempo, não creio que vás morrer, certo?
– Muito obrigada, Nona! – beijei-lhe o rosto, felicíssima. – Eu te amo muitíssimo, obrigada mesmo!

Estava decidido, em duas semanas eu viajaria para capital por uns tempos. Agora era apenas evitar a cidade, não seria tão difícil. Seria?

Scarlett Delmondes Sparks

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