terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Primeira Noite

Onde foi mesmo que eu parei?

Ah, sim! A primeira vez que o vi... Repugnante. Foi exatamente o que pensei. Arrogante. Foi exatamente o que achei. Tão tola ao pensar todas essas coisas...

Mas vamos continuar...


Após meu irmão chegar, e após muitos abraços, pus meus olhos pela última vez naquele rapaz, que me encarava intensamente, não atravessando-me. Estranhei, mas não me importei, afinal, quais seriam as chances de encontrá-lo novamente? Certo, certo, as chances são grandes, mas não me importa.

– Vamos, minha irmã, eu quero chegar logo em casa! Estou com saudades da Nona! – gritou meu irmão, acenando alguns metros distante. Nona era nossa avó, apesar de não sermos italianos, a Nona era apaixonada pela Itália, por isso nomeou-se nossa Nona.
– Já estou indo, Jean! – gritei, virando-me e ignorando completamente o sorriso de canto dele.
Depois de algum tempo chegamos ao sítio que meus tios haviam nos deixado de herança. Nona nos esperava na cadeira de balanço da varanda, com o seu mesmo sorriso acolhedor de sempre, que eu não vivia sem.
– Nona! – gritou Jean, correndo para abraçá-la, que levantou-se e o abraçou.
– Meu netinho! Mas que buraquinho é esse que está indo embora de meu peito?! – apertou o rosto de Jean contra as mãos, sorrindo.
– Também senti saudades, Nona. – sorriu, beijando-a no rosto.

Depois todos entramos dentro de casa, era hora dos bolinhos de chuva da Nona com chocolate quente, devido ao frio que fazia. Por algum motivo, eu não conseguia tirar aquele olhar frio de dentro da cabeça, eu lembrava-me há todo momento do desdém que ele transparecia, e mais ainda daquele sorriso de canto que observei por poucos segundos.

Todos estavam muito cansados, principalmente Jean, então logo após o jantar e uma breve conversa sobre a guerra, todos foram deitar-se.

Esta foi a primeira noite que eu pensei naquele rapaz do olhar frio.

Scarlett Delmondes Sparks

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O começo nem sempre é o melhor

Acho que já é hora de começar, não?

Para que minhas tardes não caiam na rotina – algo que odeio –, contarei à todos vocês, a mais linda das histórias de amor. A minha história de amor ao lado dele. Os momentos mais felizes, os mais tristes e os mais dolorosos.

Por onde posso começar? Bom, que tal começar do começo?


Eu, Scarlett, sempre fui uma garota sonhadora, mas ao mesmo tempo com os pés no chão.

Certo dia, deparei-me com o amor da minha vida. Não foi amor à primeira vista. Não foi encanto. Foi horrível. Sim, o meu primeiro contato com Damen foi o pior possível. Eu me lembro bem daquela tarde...

Lá estávamos eu, minha mãe e minha irmã Taylor à esperar a chegada de meu irmão Jean Charles, que estava voltando de uma guerra civil. Enquanto o trem não chegava, passeei meus olhos pela estação lotada, familiares com os olhares esperançosos de poder ver novamente os filhos e maridos, até me deparar com ele. Os olhos atravessavam todas as pessoas em sua volta, ele transparecia desdém para com todos, até mesmo para aquela que praticamente lambia o chão que ele pisava.

– Bonito, não é mesmo? – disse minha mãe, olhando para o rapaz.

– Sim, mas a beleza não importa se for arrogante. Algo que ele parece ter aos montes.

– Filha!

– Olhe para aqueles olhos, mãe! Eles não são olhos de quem conhece o amor e a humildade. São olhos arrogantes e frios, de alguém que possui o coração congelado.

– Apenas esperando para ser derretido por uma moça correta, cheia de amor e humildade.

– Mãe! A senhora está insinuando que eu deva namorar um rapaz comprometido?! Olhe para a garota que o acompanha, ela o venera.

– Mas ele não parece gostar de ser venerado.

– Há, ser venerado é o que ele mais gosta.

– Pense bem minha filha, você pode estar perdendo uma oportunidade única. Não é sempre que nossa alma gêmea dá o ar de sua graça assim, tão fácil.

– Alma gêmea? Não seja tola, mãe! Ele é apenas mais um rapaz.

– Oras, não é você que sempre fala sobre príncipes encantados e amor verdadeiro?

– Sim, é claro que sou, mas não com ele. Não ele. Nunca ele.

Está fora a primeira vez que pus meus olhos naquele rapaz frio e sério, que viria a ser o dono de meu coração e alma, o mais doce e gentil, apaixonado e carinhoso.

Scarlett Delmondes Sparks

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A Última Carta

Querido Damen,

Como estás, meu anjo? Eu vou muito bem.

Sabe, depois de tanto tempo escrevendo-te dezenas e dezenas de cartas nunca respondidas, receio que esta seja a última delas. Penso que se perdes teu tempo lendo-as, estarás agora dando graças, pois não terá mais de ler todas aquelas coisas insignificantes que a ti tanto escrevia. Se realmente parar de escrever-te cartas, não imagino o que farei todas as tardes... Capaz de todas tornarem-se monótonas, caindo como sempre na rotina. Não desejo isto, mas infelizmente é o que ocorrerá. Ou talvez não...

Já há algum tempo, venho pensando em escrever sobre todos aqueles momentos que passávamos juntos, caminhando pelos mais belos campos, sentindo aquele doce aroma das flores, todas tão fresquinhas, e de como nos sentíamos ao ouvir a suave cantoria dos pequenos pássaros que voavam por todo aquele céu azul da manhã ensolarada de verão.

Ah, quase esquecendo-me, peço-lhe minhas sinceras desculpas por ter atrasado em tanto tempo sua vida, com tantas cartas que escrevia... Mas não podia evitar, o amor que em mim habitava, não esvaiu-se com o tempo, ao contrário, ele petrificou-se dentro de meu peito. Agora, creio que não há mais volta, meu coração pertencerá a você para sempre. Honestamente, sempre pertenceu. E ontem mesmo, por uma mera coincidência, quase às cinco horas e quarenta e três minutos da tarde, deparei-me com textos e frases rabiscados em papéis da cor azul bebê. Cada palavra ali escrita eternizava um amor, declarações e mais declarações... Eu podia sentir o amor que ali existia, e a paixão entre aquelas duas almas, que no final de todos os textos e frases, assinavam ambos os nomes com uma caneta de tom vermelho sangue.

Damen Eric Lacourst e Scarlett Delmondes Sparks.


Eram estes os nomes assinados no fim de cada papel azul bebê. Eles lembram-te alguma coisa?

Com muito amor, pela última vez, de sua eterna Scar.