segunda-feira, 27 de junho de 2011

Declarações dolorosas

Foram três meses inteiros o tempo que consegui ficar sem ver Damen, e sem contar com as horas pensando nele e os inúmeros sonhos, eu estava indo bem. Até aquele dia.

Sai do hotel às 15:39 e fui em direção ao parque, com meu diário debaixo do braço como sempre. Chegando lá, de longe avistei minha árvore, mas o espaço entre suas raízes estava sendo ocupado por um rapaz, então procurei por algum lugar vazio, e encontrei uma outra árvore, quase de frente para aquela árvore, mas um pouco afastada. Sentei-me entre suas raízes, abri o diário, e comecei a escrever, e após escrever algumas coisas sobre meu dia e o quando eu senti falta daquele sorriso de canto esta manhã, fui até a página da música que estava escrevendo e adicionei mais um verso.

Eu te amo, e nada nem ninguém pode mudar isso! Eu prometo nunca deixá-la, e amar-te até o meu último suspiro e além. – pude ouvir um rapaz declarando-se. Sua voz parecia tão próxima e estava tão clara que até parecia que ele estava bem do meu lado.

Fechei o diário e o apertei contra o peito, pressionando os olhos com força, tentando aprisionar em mim toda a dor que eu estava sentindo. Nesses três meses que estive aqui, nunca doeu tanto como hoje. Nunca senti tanta vontade de chorar como hoje. Nunca desejei tanto estar de volta à minha cidade somente para poder ver Damen mais uma vez como hoje. Nunca necessitei tanto ouvir sua voz levemente rouca como hoje. Nunca quis tanto sentir novamente seu toque como hoje. Nunca precisei ver seus olhos verdes calorosos e intensos como hoje. Nunca senti tanto a presença de Damen como hoje. Nunca quis nunca tê-lo conhecido como hoje.

– “Duvides que as estrelas sejam fogo. Duvides que o sol se mova. Duvides que a verdade seja mentira, mas não duvides jamais de que te amo.” – ouvi novamente o rapaz, ainda mais próximo, como se estivesse dizendo aquelas palavras para mim.

Shakespeare... Boa escolha, um de meus preferidos.

A dor no peito voltou com toda a força e mais, eu não estava aguentando. Minha vontade era de gritar até não ter mais voz, e chorar até não ter mais lágrimas. Levantei-me rapidamente e saí do parque às pressas, indo em direção ao hotel. A dor era insuportável. Eu não queria mais isso... Eu nunca quis, na verdade. Mas agora que está feito, está feito. Não tem como voltar a trás, agora é encarar a dor de não ter Damen ao meu lado, e de nunca poder tê-lo. Nunca.

Scarlett Delmondes Sparks

Nenhum comentário:

Postar um comentário