segunda-feira, 27 de junho de 2011

Herói

Já estava feito, eu me encantei com tal rapaz que antes julgava ser mais um idiota entre os milhões, mas o que eu não sabia, era que ele não era quem aparentava ser, e que ele mudaria minha vida muito mais do que eu poderia imaginar. Muito mais.

No caminho de volta para o sítio, Jean perguntou-me:
– O que achou de Damen, Scar?
– Ele é... Agradável.
– Agradável? Só isso?
– Aonde quer chegar, Jean? – deu de ombros e continuou à guiar Thorn, seu cavalo. Eu montava Champs (pronuncia-se Tchamps), o cavalo de Taylor.
– Voltamos!
– Como foi na cidade, Scar? Achou algo em especial? – referiu-se à Damen.
– Foi agradável mamãe.
– Ela disse o mesmo sobre Damen. – intrometeu-se Jean, sorrindo.
– Que é isso agora? Uma conspiração contra mim? Ah, poupe-me! – saí às pressas da casa e fui até o celeiro.
– Já voltou Scar?
– Sim, e não precisa mais escovar Tex, vou cavalgar um pouco. – disse montando-o e saindo em disparada do celeiro.
– Você não colocou a sela, Scar! Volte! – gritou enquanto nos afastávamos.

Guiei-o até um riacho um pouco afastado do sítio. Tirei meus sapatos e sentei-me à beira d’água que corria.
– Por que eles tem que fazer isso comigo, Tex? Eu sei que posso ter exagerado, mas... Não posso nem conhecer um rapaz agradável que já se torna o assunto da casa? Mas que coisa. – peguei uma pedra e a arremessei longe.
Depois de um tempo levantei-me, retirei a sujeira de meu vestido e montei em Tex. Seguimos calmamente pela estrada, até eu avistar uma cobra rastejando próxima à estrada, e no mesmo instante Tex ficou sobre as duas patas traseiras e relinchou desesperado, correndo o mais rápido que podia, assustado. Mais uma cobra havia aparecido, fazendo Tex ficar sobre as duas patas novamente, mas de tão repentino, não tive onde me segurar e acabei caindo no chão com violência, batendo a cabeça em alguma pedra e perdendo a consciência.
– SCARLETT! – pude ouvir alguém gritando, mas não reconheci sua voz de imediato. – Ei, Scarlett! Acorde! Scarlett, você está me ouvindo? Vamos, não faça isso comigo, me responda! Droga. – depois disso não ouvi mais nada, o mundo escureceu e todas as vozes se calaram.
– Ai. – gemi de dor, tendo dificuldades para abrir os olhos. Tentei levantar-me, sem sucesso.
– Ei ei, calma aí. – segurou-me, impedindo que eu caísse. – Você tem que descansar, foi uma queda feia.
– Minha cabeça dói... – murmurei.
– Estaria surpreso se fosse o contrário, ela sangrou demais. Você bateu a cabeça em uma pedra, lembra-se?
– Tex! – levantei em um pulo, seguido de muita dor na cabeça e no tornozelo.
– Calma Scarlett! Você também torceu o tornozelo nessa aventura, tem que descansar. O... Tex não é mesmo? – assenti. – Deve ter voltado para o sítio.
– Onde eu estou? Não me lembro de ter andado alguma coisa.
– É porque não andou, eu te carreguei até aqui. É, digamos assim... O meu refúgio para o mundo bizarro lá fora.
– Não acredito que te fiz me carregar até aqui.
– Não se preocupe, não foi culpa sua. E eu não podia deixá-la lá, presa fácil para as cascavéis que espantaram Tex.
– Obrigada, você salvou a minha vida.
– Não precisa agradecer. – sorriu e olhou-me como uma criança olha para um doce que tanto almeja.

Scarlett Delmondes Sparks

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